
Em uma “fotografia” tirada antes da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, o mercado de trabalho formal do ABC registrou em 2019 o segundo ano consecutivo de abertura líquida de vagas.
Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgados ontem (26) pelo Ministério da Economia, revelam a abertura de 19.391 postos de trabalho formais na região no ano passado.
Com isso, os sete municípios encerraram 2019 com 755.765 vínculos empregatícios, o que corresponde a aumento de 2,63% ante o estoque apurado no dia 31 de dezembro de 2018 (736.374). Trata-se do maior estoque de empregos na série histórica da Rais desde 2015.
Os dados da Rais diferem dos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que apontaram a abertura de 4,8 mil vagas com carteira no ano passado. Ocorre que há diferenças.
Assim como o Caged, a Rais é um registro administrativo enviado pelas empresas ao governo. Porém, o Caged contempla empregos com carteira assinada, enquanto a Rais reporta postos formais de qualquer tipo: estatutários, celetistas e temporários. Além disso, a Rais é encaminhada anualmente e refere-se ao dia 31 de dezembro de cada ano, enquanto o Caged é contabilizado mensalmente – o dado é enviado sempre que há contratações ou demissões.
A fotografia ficou antiga porque a pandemia de covid-19 “destruiu” em cinco meses mais empregos do que o total gerado em todo o ano passado. Os dados do Caged apontam que, de março a agosto, o ABC fechou 37 mil vagas. Pela Rais, o estrago certamente seria maior.
SETORES
As principais atividades econômicas tiveram alta na ocupação. Maior empregador do ABC, os serviços criaram 9.421 vagas no ano passado, com crescimento de 2,4% no estoque, para 397.831 vínculos (número que inclui a administração pública e os serviços domésticos). Apesar disso, a participação do setor no total de empregos da região recuou de 52,7% para 52,6%.
Desempenho semelhante teve a indústria, que abriu 4.078 postos de trabalho e interrompeu cinco anos consecutivos de queda no emprego. O aumento de 2,3% na ocupação elevou o estoque do setor para 179.328 vínculos – resultado que refletiu, principalmente, a recuperação do setor automotivo.
Mesmo assim, a participação do parque fabril no estoque de empregos da região caiu de 23,8% para 23,7%.
O comércio abriu 5.782 vagas e fechou o ano passado com estoque de 146.545 trabalhadores (aumento de 4,1%) e participação de 19,4%. Por fim, a construção civil criou apenas 92 postos de trabalho (alta de 0,3%) e encerrou 2019 com 31.957 vínculos, ou 4,2% do total do ABC.
MUNICÍPIOS
No corte geográfico, São Bernardo liderou a geração de vagas formais no ABC, com 10.390 vínculos criados no ano passado. Na sequência aparecem Santo André (criação de 8.763 vagas), São Caetano (+3.642), Ribeirão Pires (+208) e Rio Grande da Serra (+158). No sentido contrário, 3.671 empregos foram extintos em Mauá e 99, em Diadema.