O mercado de trabalho do ABC encolheu 0,31% no ano passado, com o extinção de 2.281 empregos, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgados ontem (28). Apesar de ser negativo, trata-se do melhor resultado desde 2013.
Foi a quarta queda consecutiva no estoque de vagas da região. Nesse período, os sete municípios perderam 104,4 mil postos e o nível de ocupação diminuiu 12,5%. O total de trabalhadores (728.957) é o menor desde os 699,9 mil registrados no último dia de 2007.
Os dados da Rais diferem dos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que apontaram o fechamento de 2.791 vagas formais no ano passado. Ocorre que há diferenças.
Assim como o Caged, a Rais é um registro administrativo enviado pelas empresas ao Ministério do Trabalho. Porém, o Caged contempla empregos com carteira assinada, enquanto a Rais reporta postos formais de qualquer tipo: estatutários, celetistas e temporários. A Rais refere-se ao dia 31 de dezembro de cada ano, enquanto os dados do Caged são contabilizados mensalmente.
No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,0%. O resultado foi puxado pelo aumento do consumo das famílias, decorrente da queda da inflação e da liberação das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Em termos de geração de empregos, comércio e serviços foram os mais beneficiados.
Maior empregador do ABC, os serviços criaram 6.317 vagas no ano passado, com aumento de 2,02% no estoque, para 319,7 mil. Com isso, a participação do setor cresceu de 42,85% para 43,85%.
Resultado semelhante teve o comércio, que abriu 2.434 postos de trabalho, com aumento de 1,73% na ocupação, para 143,3 mil (19,65%).
INDÚSTRIA
No sentido contrário, o parque fabril do ABC registrou o quarto ano consecutivo de queda no emprego. Somente em 2017 foram fechadas 8.568 vagas, com redução de 4,5% no estoque do setor – o equivalente a uma fábrica da Volkswagen a menos.
Nos últimos quatro anos, o setor perdeu 76,4 mil empregos e o nível de ocupação caiu 29,5%. Significa que, de cada dez vagas existentes no dia 1º de janeiro de 2014, três foram extintas. No mesmo período, a participação da indústria no mercado de trabalho do ABC caiu de 31% para 25%.
Principal motor da indústria na região, o setor automotivo interrompeu em 2017 três anos seguidos de queda na produção e registrou alta de 25,2% puxada pelas exportações. Montadoras como Volkswagen e Scania voltaram a anunciar investimentos e a contratar, mas a geração de empregos ficou circunscrita às linhas de montagem.
A construção fechou 3.221 vagas e terminou o ano com estoque de 30,4 mil trabalhadores.
São Caetano e Santo André são os únicos municípios da região a ter saldo positivo
Em um ano no qual o mercado de trabalho do ABC voltou a encolher, São Caetano e Santo André foram os únicos municípios da região a registrar, em 2017, aumento no estoque de empregos.
O melhor resultado foi o de São Caetano, que contabilizou a abertura de 2.111 postos de trabalho, com aumento de 2,08% na ocupação, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgados ontem (28).
O resultado foi puxado, principalmente, pelos 5.567 postos de trabalho criados no setor de serviços, mais do que suficientes para compensar perdas ocorridas na indústria (-4.262) e na construção civil (-322).
Na vizinha Santo André, os dados do Ministério do Trabalho apontam a geração de 3.173 vagas. Os serviços também deram a principal contribuição, com a criação de 3.780 empregos – destaque para as atividades de ensino (1.457) e de alojamento e reparação (980).
No sentido contrário, Rio Grande da Serra registrou o pior resultado da região, com queda de 10,1% no estoque de trabalhadores, ou o fechamento de 403 vagas.
Em números absolutos, o pior saldo foi o de São Bernardo, com o fechamento de 3.147 postos de trabalho, queda de 1,25% no estoque.
O resultado foi influenciado por vagas fechadas na indústria (-1.680), na construção civil (-942) e nos serviços (-981). O comércio, por sua vez, encerrou o ano no “azul”, com a geração de 736 empregos.