DANIEL DIAS
AutoMotrix
Espécie de talismã da Peugeot, o 208 continua gerando novidades. Desta vez, a marca do leão apresenta no Brasil a versão e-208 GT do compacto, totalmente elétrica. A nova configuração repete boa parte da estética da versão flex, inclusive os característicos faróis de circulação diurna com assinatura de iluminação full-LED que remetem aos “dentes de sabre”, faixas de proteção das janelas em preto brilhante e rodas de 17 polegadas com inserções – as do modelo elétrico são exclusivas.
Enquanto a versão movida por propulsão convencional é produzida na Argentina, a elétrica vem da Europa. Fabricada na planta de Trnava, na Eslováquia, o e-208 GT chega ao Brasil em condições especiais de lançamento: preço de R$ 244.990, com os 20 primeiros compradores recebendo uma estação de recarga doméstica da WEQ. O preço final ficará em R$ 250 mil, com direito a um sistema de recarga das baterias da unidade de potência desenvolvido especificamente para uso em tomadas convencionais.
O desempenho do e-208 GT é garantida por um motor elétrico que entrega 26,5 kgfm de torque e 136 cv de potência, que permitem ao modelo acelerar da imobilidade a 100 km/h em 8,3 segundos e chegar à máxima de 150 km/h. A autonomia é de 340 km, conforme o ciclo WLTP.
Há três modos de condução disponíveis – a escolha fica a critério de quem está ao volante, de acordo com a necessidade do momento. O modo Eco tem como foco a otimização da autonomia, o Drive é indicado para garantir o conforto ideal nos deslocamentos do dia a dia, enquanto o Sport prioriza o desempenho, utilizando potência e torque máximos.
Segundo a Peugeot, em condições totalmente ideais, entrando nessa equação o jeito de dirigir, o modo de condução e até a temperatura, a autonomia do e-208 GT pode chegar a 400 km. O câmbio tipo joystick dispõe de cinco modos de seleção: P (Park, estacionamento), D (Drive), N (Neutro), R (Ré) e B Mode. Esse último atua de modo a garantir regeneração da bateria, aumentando a autonomia.
Além de três modos de condução, o elétrico oferece dois modos de frenagem: Moderado, para sensações semelhantes às de um veículo a combustão; e Aumentado, para uma frenagem proporcionada pela redução na pressão no pedal do acelerador.
Com 50 kWh de capacidade, o sistema do Peugeot e-208 GT pode ser carregado em tomadas convencionais residenciais ou em estações rápidas por meio de plug. O sistema é composto por um plug Type 2, para corrente alternada (AC), e plug CCS-2, para continua (DC). O elétrico pode ter 80% da bateria carregada em menos de 30 minutos, caso o motorista use uma estação de recarga de 100 kW. Isso garante cerca de 270 km de autonomia, com os dados de utilização e consumo da bateria mostrados no painel.
A bateria tem oito anos de garantia ou 160 mil quilômetros. Segundo a Peugeot, os tempos de recarga exigidos são 24 horas e 56 minutos em 1,8 kW (tomada doméstica), de quatro horas em 11 kW a 22 kW, de seis horas em 7,4 kW, de 53 minutos em 50 kW e em meia hora em 100 kW.
O novo 208 marcou a estreia da produção de hatches na plataforma CMP (Common Modular Platform), uma das mais modernas do Grupo PSA, pertencente à Stellantis. Uma das características dessa plataforma é ser multienergia, ou seja, pode ser otimizada para versões térmicas e elétricas na mesma linha de produção. No caso do e-208 GT, recebe o nome de eCMP. Graças a essa característica, mesmo com uma bateria de 220 litros de densidade acoplada abaixo do piso do veículo, a arquitetura da plataforma do e-208 GT permite manter o mesmo volume de porta-malas da versão a combustão (311 litros), espaço frontal e traseiro dos ocupantes idênticos aos da configuração “comum” e a mesma posição de dirigir e aplicação das modernas tecnologias de assistência à condução.
“O e-208 é mais um passo nos 210 anos da Peugeot, a montadora mais antiga ainda em atividade no mundo. O modelo marca os passos da fabricante cada vez mais dentro do mundo eletrificado, passando da queima dos combustíveis fósseis à eletrificação total”, celebrou Antonio Filosa, CEO da Stellantis América Latina.
Embora o e-208 GT trazido para o Brasil seja igual ao modelo vendido na Europa, a equipe de engenharia da marca aplicou um pacote de alterações. Uma delas é para proteção da bateria, com aplicação de chapas metálicas (no lugar das plásticas) em toda a região do assoalho e na área abaixo do capô. As bandejas de suspensão do e-208 GT ganharam reforços, assim como os pneus, que também tiveram as medidas mantidas, mas no Brasil são do tipo run flat (podem trafegar mesmo com um furo).
A chegada do e-208 GT representa a introdução da eletrificação no portfólio e o reposicionamento da Peugeot no país – ainda este ano chegará ao mercado nacional o utilitário comercial e-Expert. Neste primeiro momento, o e-208 será oferecido nas cidades de São Paulo e Rio. No decorrer do ano, vai se espalhar para todo o Brasil, começando por Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e Recife (PE). A Stellantis – multinacional que controla Fiat, Jeep, Ram, Peugeot e Citroën – planeja expandir pelo Brasil uma estrutura específica para o cliente de elétricos.
Poder da sugestão
LUIZ HUMBERTO MONTEIRO PEREIRA
AutoMotrix
O i-Cockpit 3D do Peugeot 208, presente tanto na versão flex quanto na elétrica GT, é mais do que uma mera firula dos designers automotivos da marca francesa. O volante pequeno e com base e topo achatados, além de permitir singular visualização das informações dos instrumentos, tem o dom de sugestionar esportividade. Basta se sentar em frente ao volante para qualquer pacato motorista passar a se sentir como um audaz piloto. As informações apresentadas de forma tridimensional no tablier, como se fossem projetadas em diferentes “profundidades”, reforçam a aparência dinâmica e ainda conferem aspecto bastante futurista ao ambiente.
Quando combinado ao motor 1.6 flex, esse ambiente fica um pouco desconectado do comportamento do carro, que não chega a oferecer desempenho exuberante. No caso do e-208 GT, a aparência e a essência do hatch se harmonizam perfeitamente.
O e-208 GT oferece experiência dinâmica distinta da proporcionada pela versão flex. Nem parece o mesmo carro – e, de fato, não é. Como é característico dos elétricos, seu silencioso motor entrega todo o torque de forma instantânea, resultando em capacidade de aceleração fora do normal ante modelos com motores convencionais. Nas manobras rápidas do teste de apresentação, o elétrico esbanjou disposição.
O bom acerto de suspensão impressiona. A direção eletricamente assistida, disponível também na versão flex, mostra-se eficiente e progressiva. O somatório de todos esses atributos faz do e-208 GT um hatch bastante divertido e instigante. Pena que o preço no Brasil (R$ 250 mil) torne o modelo um prazer para poucos.
A BORDO
Por ser produzido na Europa, o e-208 GT segue o padrão de qualidade adotado por lá. Em relação ao modelo a combustão feito na Argentina, o elétrico tem acabamento mais requintado. Os bancos têm suportes mais generosos e a central multimídia tem tela touchscreen de dez polegadas, enquanto a versão argentina usa uma de sete. Em termos de itens de conforto, segurança e assistência ao motorista, o e-208 GT tem o mesmo nível top de linha do 208 térmico. São bem semelhantes os detalhes elegantes do interior, forro do teto preto com pesponto de Adamite, oito opções de cores de iluminação ambiente, bancos esportivos e pedais de alumínio.
Com o Drive Assist, o novo 208 abre caminho para a direção semiautomática com sua mais recente geração de auxiliares de condução. Destacam-se controle de cruzeiro adaptável; Stop&Go com informações de distância entre veículos; assistência de posicionamento de pista; assistente de estacionamento, em que o sistema gerencia direção, aceleração e frenagem ao entrar ou sair de uma vaga; assistência automática à frenagem de emergência (detecção de pedestres e ciclistas) e alerta para risco de colisão; Pista Ativa (mantém ajuda com correção de curso a partir de 65 km/h); monitoramento de atenção do motorista; comutação automática de faróis altos; reconhecimento de limite de velocidade e monitoramento de ponto cego ativo.