O vereador de Diadema Albino Cardoso Pereira Neto, o Dr. Albino, deixou o Partido Verde na última semana e se filiou ao Cidadania. O parlamentar afirmou, em entrevista exclusiva ao Diário Regional, que tomou a decisão de mudar de partido para deixar o governo Lauro Michels (PV) mais à vontade. Confira os principais trechos da entrevista.
O senhor se filiou ao Cidadania esta semana. Por que deixou o PV?
O PV tinha seis vereadores eleitos e quem quer concorrer com esse número? Sai do PV para deixar o governo mais à vontade. Continuo com o governo, pois o Cidadania é da base governista.
Vai concorrer este ano?
Vou. Tenho apoio de minha equipe. Por mim, já queria parar. Este (mandato) seria o último. Porém, fiz pergunta a todos os assessores que trabalham comigo e resolvemos seguir. A finalidade de estar aqui (na política) não é minha promoção. Sou médico. Este ano faço 42 anos de formado, tanto que deixei a parte cirúrgica e faço hoje somente a parte clínica. Me sinto agraciado com essa posição. A política veio me acrescentar. Gosto de desafios. O desafio de poder fazer bem para os outros me deixa realizado.
O sr. já era médico conceituado quando entrou para a política. Seus dois mandatos ficaram dentro da expectativa que tinha sobre o que poderia fazer? Sentiu apoio do governo?
Esperava mais. Não sei se em decorrência da queda de arrecadação, mas esperava mais do poder público na questão de ajudar, apoiar. Entretanto, são muitos projetos dos vereadores.
Como o sr. vê o cenário político do município? Acredita em polarização?
A meu ver, a demora na escolha do candidato do governo prejudicou. Conheço o Filippi (José de Filippi Jr. pré-candidato do PT), considero boa pessoa.
A pré-candidatura de Márcio França (PSB) na Capital pode impactar nas eleições do município, haja vista que no pleito para governador Diadema o apoiou?
Acredito que sim.
Como o sr. analisa as administrações municipal, estadual e federal?
Do governo federal esperava mais. Acho que a população toda clama por melhorias. Nosso país foi naquela de “é o salvador da pátria”, mas o governo não está acontecendo. Tem hora que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fala coisas que o povo quer ouvir, mas algumas pessoas já estão deixando de apoiá-lo.
Quanto ao governo Lauro (Michels/PV), ele está fazendo o que dá para fazer. Os recursos são poucos. A arrecadação caiu. Tem muita gente desempregada. Muita gente sem convênio médico e que também não paga imposto, e isso faz com que este mandato do Lauro seja muito difícil. Em relação ao Estado, graças a Deus temos um deputado estadual (Márcio da Farmácia/Podemos), que nos envia recursos.
A área da saúde é um dos setores com mais reclamações por parte da população.
A área da saúde custa caro. Construir hospital é fácil. O problema é manter o hospital ativo. Temos uma verba muito pequena destinada para a região. Fiz parte da Comissão Especial de Inquérito da saúde na questão do secretário José Augusto e defendi que as verbas que vêm para o município são muito pequenas. Que eram necessários mais recursos para manter o setor. A cidade cresceu. O município de 20 anos atrás era outro. Muitas pessoas vieram para cá e isso aumentou a dor de cabeça para o município. Muitos deixaram de pagar o plano médico e estão usando mais o SUS (Sistema Único de Saúde). Mais pessoas estão usando o hospital e isso vai encarecendo (o setor).
Como o sr. vê a Diadema que será entregue para o futuro prefeito?
Vai ter uma conta salgada para o próximo prefeito pagar.
Como o sr. analisa seu mandato e quais projetos destaca?
Este é meu segundo mandato. No primeiro fui suplente e neste sou titular da cadeira. Fizemos uma série de projetos que hoje são leis. Porém, temos dois que estamos planejando. Visitei algumas creches e percebi que a maioria delas tem berço. Em várias regiões, inclusive nas imediações do ABC, o berço já não existe mais. Hoje é um colchonete. Estamos fazendo um projeto para que sejam retirados, para dar mais mobilidade para as crianças. Para que elas interajam mais rápido. Além disso, evita o risco da queda e o custo da manutenção do berço.
Outro projeto está relacionado com conjuntos residenciais e comerciais, que possuem elevador, para que seja colocada uma cadeira de rodas para emergências. Recentemente, participei de uma situação em que uma senhora que mora no 13º andar passou mal, chamaram o Samu. Não tinha cadeira de rodas. O Samu só tinha a prancha, mas não conseguia entrar no elevador. Então, um rapaz teve de carregar a pessoa no colo.
Entre os projetos que viraram lei está é o de instalação de lixeiras suspensas. Todas as pessoas que produzem lixo orgânico são obrigadas a colocar uma lixeira suspensa, dessas baratas, e, ao mesmo tempo, obrigando as escolas municipais a realizar coleta seletiva. Porém, não sei por que, não foi avante. Temos outro prevendo que todos os estabelecimentos que produzem alimentos, como bares e restaurantes, forneçam os talheres na embalagem, porque é muito mais higiênico.
Um projeto mais recente é a respeito do descarte de medicamentos inservíveis. Normalmente, tem medicamentos que as pessoas não tomam até o final e o que acontece é que são descartados no lixo ou na descarga do banheiro. O projeto prevê que as pessoas devolvam esse medicamento na farmácia onde comprou, a qual devolveria ao laboratório.
Logo no início do mandato tivemos um sobre a vacinação do HPV, orientando que as jovens fizessem uso do imunizante, com informação sobre a importância da dose como prevenção ao câncer de colo de útero. Também temos um sobre programas de combate à dengue, sobre os cuidados que as pessoas devem ter na época de chuva, em relação à água parada. Temos também um projeto sobre o Outubro Marrom, que prevê iniciativas de combate à cegueira.
Ainda no início do mandato idealizamos uma proposta em parceria com o Rotary sobre a importância do sol, que contou com gibi na Turma da Mônica “A pele e o sol”. A cada dois anos é renovada essa parceria. Tem também o de doação de Leite Materno. São vários projetos ao longo do mandato.
Extra mandato, fizemos um projeto de orientação por meio de lives tratando de temas relacionados a mulheres, aos homens, como o Outubro Rosa, Novembro Azul, sexo na terceira idade, e tivemos muitas pessoas interessadas. Isso deu muito certo e continuamos fazendo.