Saúde e Beleza

Diagnóstico precoce pode mudar o cenário mundial que causa cegueira em uma pessoa a cada cinco segundos

Em outubro acontece o Dia Mundial da Visão, data que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da inclusão dos check-ups periódicos para avaliar a saúde da visão. Os dados sobre a cegueira são alarmantes: a cada 5 segundos um adulto perde a visão, e a cada 1 minuto uma criança também é atingida pela cegueira[i].

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estimou que 1,5 milhão de brasileiros são cegos, o que representa aproximadamente 0,75% da população total em 2018[ii]. O envelhecimento populacional e mudanças no estilo de vida aumentam o número de pessoas com Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), glaucoma e retinopatia diabética (RD), principais causas de deficiência visual e cegueira em idosos participantes de estudos conduzidos no final da primeira década dos anos 2000[iii],[iv].

O diabetes está associado a umas das principais comorbidades oculares: a retinopatia diabética (RD), uma das complicações microvasculares mais comuns do diabetes, sendo a principal causa de cegueira em adultos de 20 a 74 anos de idade[v],[vi]. A RD afeta os pequenos vasos da retina, região do olho responsável pela formação das imagens enviadas ao cérebro.

Porém, é importante lembrar que o cuidado com a visão infantil é essencial, uma vez que é nesta faixa etária que são diagnosticadas doenças genéticas como as Distrofias Hereditárias da Retina (DHRs), um grupo de doenças oculares raras transmitidas de pais para filhos com diferentes padrões de herança genética e que, apesar de não provocarem alterações na estrutura do olho, provocam a degeneração das células da retina, causando a perda progressiva da visão[vii]. Por isso, estar atento aos problemas visuais que podem ocorrer em cada fase da vida e procurar um especialista para orientar sobre a melhor medida preventiva ou sobre o tratamento mais indicado são formas eficientes de prevenir a cegueira.

“Em todas as fases da vida o check-up constante da saúde da visão é importante. Especialmente em pacientes que já contam com outras doenças que são fator de risco, como o diabetes”, afirma  Arnaldo Furman Bordon, Chefe do Setor de Retina e Vítreo do Hospital Oftalmológico de Sorocaba, Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Diretor da OftalmoFurman – São Paulo.

“Além disso, se faz fundamental a inclusão de exames oftalmológico na rotina dos pais e cuidadores. Nas crianças, os sintomas podem ser mais sutis, o que reforça a necessidade do rastreio constante”, completa. A retinopatia diabética é um grande exemplo onde o diagnóstico precoce evita a perda da visão na maioria dos casos. Para todo diabético o exame regular ao médico oftalmologista é fundamental, mesmo que a pessoa esteja enxergando bem.

Os efeitos psicológicos associados podem sem desastrosos. Um estudo[viii], que contou com 146 pacientes de 17 estados do Brasil, mostrou que metade dos participantes que enfrentavam algum tipo de cegueira apresentou algum nível de ansiedade e depressão; destes, cerca de 50% com sintomas moderados ou graves. As doenças, consideradas o mal do século pela Organização Mundial de Saúde, impactam a vida social, econômica e profissional dos pacientes e familiares.

Contudo, os avanços da ciência e medicina tornaram possível o tratamento e prevenção de algumas causas de cegueira e, por isso, o acompanhamento da saúde da visão e rastreio de possíveis doenças se faz urgente. Como exemplo dos avanços recentes tivemos a aprovação recente da primeira terapia gênica na área de oftalmologia. Para doenças como DMRI e RD, a utilização de anticorpos monoclonais, que ficaram famosos por bons resultados na luta contra o câncer, tem proporcionado mais saúde e qualidade de vida aos pacientes.

“Já está claro que a cegueira evitável precisa ser erradicada. Para mudar essa realidade é necessário a inclusão das visitas ao oftalmologista ao check-up anual desde a infância. Prevenção e tratamento precoces proporcionam melhores resultados visuais, o que impacta diretamente a qualidade de vida dos pacientes”, finaliza dr. Arnaldo.

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