As demissões deram uma trégua ao ABC em novembro, mês em que contratações temporárias costumam inchar positivamente o saldo do mercado de trabalho.
No mês passado, a região fechou “apenas” 38 vagas com carteira assinada, revelam dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem (29). Trata-se do 24º resultado negativo consecutivo, mas é também o “menos ruim” desde as 1.502 vagas criadas no longínquo mês de novembro de 2014.
As contratações temporárias de final de ano no comércio (criação de 1.085 vagas) e no setor de serviços (427) explicam o desempenho, pois compensaram quase integralmente o fechamento de vagas na indústria (-942) e na construção (-472), entre outras atividades.
O problema é que, com o consumo das famílias bastante fraco, a tendência é de não haver efetivação de temporários. Assim, comércio e serviços tendem a “devolver” as vagas criadas em novembro no resultado do mês seguinte, gerando novo saldo negativo expressivo.
Entre janeiro e novembro, o mercado de trabalho do ABC eliminou 25.382 vagas com carteira assinada, número que deve aumentar com a divulgação dos dados de dezembro. No último mês de 2015, por exemplo, foram fechados quase 9 mil postos formais na região.
Assim, os sete municípios caminham para registrar o terceiro ano seguido de retração na ocupação celetista, após os aproximadamente 42,8 mil empregos extintos em 2015 e os 11,2 mil eliminados no ano anterior.
Mais uma vez, o corte de vagas foi mais intenso na indústria, que fechou 942 postos de trabalho em novembro. Trata-se do 22º resultado negativo consecutivo no parque fabril do ABC, que acumula 13,8 mil empregos extintos neste ano.
O resultado reflete, principalmente, a contínua perda de vigor do setor automotivo, principal atividade fabril da região, que enfrenta o quarto ano seguido de queda nas vendas, tanto de caminhões quanto de carros de passeio.
Atraso
Os dados do Caged – que apontam o fechamento de 116,7 mil vagas no país em novembro – foram divulgados com atraso pelo Ministério do Trabalho, em meio ao recente esforço, pelo presidente Michel Temer, de divulgar “agenda positiva” com medidas para tentar reverter o pessimismo com o governo.