
O ABC entrou na briga com São José dos Campos, no Vale do Paraíba, para receber centro de pesquisa e desenvolvimento em ferramentaria, segmento que tem sofrido com a falta de competitividade e com o aumento das importações.
O equipamento integra o projeto Ferramentarias Brasileiras mais Competitivas, que está em análise para ser incluído no Rota 2030, programa automotivo brasileiro que prevê isenções para montadoras que investirem em inovação, pesquisa e desenvolvimento.
Sob coordenação da Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa (Fundep), o projeto Ferramentarias Brasileiras mais Competitivas compreende série de ações que visam elevar a competitividade e produtividade da cadeia de ferramental de produtos automotivos.
O programa prevê investimentos de R$ 200 milhões, dos quais R$ 84 milhões seriam destinados à construção de dois centros de pesquisa – um em Joinville (SC) e outro no Estado de São Paulo, para o qual concorrem São José dos Campos e Santo André.
O investimento seria bancado pelas montadoras, após aprovação do projeto pelo comitê gestor do Rota 2030. O programa estabelece isenções fiscais de R$ 1,5 bilhão por ano, mas é preciso que as empresas invistam R$ 5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento.
Para receber o projeto, a Prefeitura de Santo André colocou à disposição terreno de 30 mil metros quadrados localizado na Avenida dos Estados. O local fará parte do Parque Tecnológico de Santo André, que está sendo estruturado como parte do Polo Tecnológico do ABC.
“A região tem situação muito favorável para receber o equipamento, por contar com um terreno em condições de recebê-lo, cinco montadoras, um parque de ferramentarias constituído e instituições de ensino e pesquisa”, afirmou o secretário-executivo do Consórcio Intermunicipal, Edgard Brandão, que prepara “força-tarefa” para trazer o centro de pesquisa à região.
Segundo o secretário-executivo, a escolha da sede paulista ficará a cargo do conselho superior do projeto, formado por 13 instituições – algumas, inclusive, da região. São os casos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, do Instituto Mauá de Tecnologia, da Universidade Federal do ABC (UFABC) e do Arranjo Produtivo Local (APL) Metalmecânico do ABC.
Faz parte dessa “força-tarefa” a realização, no próximo dia 12, de workshop na sede do Consórcio com o objetivo de discutir o Rota 2030 e apresentar o pleito regional, bem como os projetos do Parque e Polo Tecnológicos, a empresas, entidades e universidades.
Brandão ressaltou ainda que, em maio deste ano, ao definir 11 polos de desenvolvimento econômico para incentivar o aumento da produtividade da indústria, o governo do Estado incluiu o ABC no polo Automotivo. “O programa estadual dá força para o pleito regional do centro de ferramentaria”, acrescentou Brandão.
No mesmo mês, o governador João Doria (PSDB) lançou programa que visa liberar créditos retidos do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) às montadoras para a compra de ferramental no Estado de São Paulo.
CRISE
O mercado brasileiro de ferramentaria tem enfrentado dificuldades para se manter vivo nos últimos anos. Estima-se que a participação de produtos importados alcance 50% no segmento de ferramental em geral e de 100% no de moldes de peças grandes.
Segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológias (IPT), o Brasil deixa de gerar 5 mil empregos por conta de ferramentais adquiridos fora do país.