O ano passado chegou ao fim com a inflação brasileira em queda e dentro dos limites fixados pelo governo, cenário considerado improvável por muitos economistas em meados do ano passado.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, teve alta de 6,29% em 2016, informou ontem (11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dezembro, avançou 0,30%.
Foi a primeira vez desde 2014 que a inflação ficou dentro da meta estabelecida pelo governo, que é de 4,5% ao ano, com tolerância até 6,5%.
A redução do consumo de bens e serviços no país em decorrência da crise econômica fez ceder a inflação, que atingiu 10,67% em 2015, maior patamar em uma década.
O presidente Michel Temer – que exerce o cargo desde o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, em maio – comemorou o resultado ao discursar em reunião no Palácio do Planalto. “Ninguém esperava que, ao final do ano, se chegasse abaixo da meta estabelecida”, afirmou.
O avanço do desemprego e a perda de renda dos trabalhadores fez ceder pressões que alimentaram a alta dos preços durante o ano. Segundo analistas ouvidos pela reportagem, a tendência é de que a inflação continue em queda nos próximos meses. O Banco Central prevê que o centro da meta, de 4,5%, será alcançado até o fim do ano.
A partir deste ano, o intervalo de tolerância da meta de inflação cai para 1,5 ponto percentual. Ou seja, o teto da meta será de 6% neste ano.
O desemprego deve continuar em alta ao menos até o fim do primeiro semestre. A perda de renda reduz o consumo de bens e, principalmente, serviços. Segundo o IPCA, os preços dos serviços, que subiram 8,09% em 2015, avançaram 6,50% no ano passado.
Além da piora da atividade econômica, a queda dos preços da energia elétrica e a melhora nas safras de alimentos, que antes foram vilões da inflação, contribuíram para melhorar o cenário.
Alimentos
Em 2015, a inflação bateu recorde por causa do aumento de preços controlados, como o da energia elétrica, que o governo tentou segurar em 2014 e dispararam no ano seguinte. Em 2016, a inflação subiu principalmente por causa dos alimentos, cujos preços refletiram problemas nas safras de vários produtos.
Chuvas em abundância no Sul e secas no Nordeste fizeram disparar preços de alimentos importantes na cesta de compras do brasileiro. A desaceleração na segunda metade do ano abriu espaço para o BC diminuir os juros.
“As razões da melhora da inflação, desemprego e queda da renda, vão continuar neste ano”, afirmou o economista do Modal, Daniel Silva.
“Há grande capacidade ociosa na produção brasileira e o desemprego será mantido em alta”, acrescentou. “Ou seja, mesmo que haja aumento do consumo, não haverá pressão sobre preços.”
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