
A recuperação, mesmo que lenta e gradual, do mercado de trabalho e a maior cautela por parte das famílias na obtenção de credito têm freado o avanço da inadimplência no ABC.
Prova disso é que o número de negativações – ou seja, de novos registros de dívidas vencidas e não pagas – caiu 1,1% no primeiro semestre, segundo indicador do Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), divulgado ontem (31).
“Há menos gente entrando nos registros de inadimplência, indicando que quem tomou empréstimo está conseguindo pagá-lo”, afirmou o economista Vitor França, do Boa Vista SCPC.
O especialista lembrou que o emprego é, do lado do consumidor, a variável que mais impacta na inadimplência, e que o mercado de trabalho dos sete municípios tem sinalizado recuperação, ainda que lenta.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, revelam que a região gerou 4.324 postos de trabalho com carteira assinada no primeiro semestre, após criar quase 9 mil no ano passado.
“Houve alguma melhora no emprego – que, juntamente com a maior cautela na tomada de empréstimos, tem ajudado os consumidores do ABC a honrar seus compromissos”, comentou França.
Paralelamente, o número de consumidores que limparam seu nome – e que, por isso, foram excluídos dos registros de inadimplência – manteve-se praticamente estável no primeiro semestre. Em junho, porém, houve alta de 4,5% ante o mesmo mês do ano passado.
“O dado sugere que o consumidor do ABC tem conseguido pagar as contas do dia a dia, mas ainda enfrenta dificuldade para quitar débitos antigos”, explicou o economista, para quem os números conjugados de inclusão e exclusão de registros sinalizam “algum dinamismo” na economia do ABC.
França avaliou o cenário futuro como “preocupante”, já que há projeção de aumento da demanda por crédito neste semestre os bancos estão menos seletivos na concessão de financiamentos, mas a recuperação da renda é lenta e persiste elevado nível de desemprego e subutilização da mão de obra. “Se o crédito aumentar sem a correspondente elevação do emprego e da renda, a inadimplência pode voltar a crescer”, alertou.
FGTS
O economista destacou ainda que a liberação de saques das contas ativas e inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – previstos para começar em setembro – tende a melhorar os indicadores.
Outra boa notícia para o mercado de crédito é a inclusão automática do nome de consumidores no Cadastro Positivo, em vigor desde o último dia 9, uma vez que deve proporcionar a redução dos juros cobrados de bons pagadores.