
A crise provocada pelo novo coronavírus deve derrubar a oferta de vagas temporárias para o Natal ao patamar mais baixo desde 2015. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) estima que, neste final de ano, o varejo brasileiro vai contratar 70,7 mil trabalhadores temporários para atender ao aumento sazonal das vendas, total 19,7% menor do que o registrado em 2019 (88 mil).
O Natal é a principal data comemorativa do varejo e, segundo projeção da CNC, deve movimentar R$ 37,5 bilhões neste ano, alta de 2,2% em relação ao apurado em 2019.
“Neste ano, apesar da inflação baixa e dos juros básicos no piso histórico, o comportamento do varejo seguirá ditado pelo ritmo de regeneração do mercado de trabalho, pela evolução das vendas online e por medidas voltadas a mitigar os efeitos da recessão, como o auxílio emergencial”, diz o estudo da CNC.
O pagamento do auxílio emergencial tem sustentado a recuperação do varejo, ao garantir renda extra às famílias afetadas pela pandemia. Boa parte dos segmentos já opera em patamar de vendas superior ao de fevereiro, antes da chegada da covid-19, mas a redução no valor do benefício do governo de R$ 600 para R$ 300 cria uma nuvem de incerteza quanto à continuidade dessa recuperação.
E-COMMERCE
O estudo destaca que o avanço significativo do varejo eletrônico deverá reduzir a quantidade de vagas voltadas ao consumo presencial, em especial para vendedores (-25%).
“A intensificação das vendas on-line tem ajudado na recuperação gradual do varejo nos últimos meses e também será um dos impulsionadores das vendas para o Natal. Porém, as vendas em shoppings têm registrado retração, e isso impacta diretamente o número de temporários contratados”, afirmou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
As lojas de vestuário e calçados, que historicamente respondem pela maior parte dos empregos temporários nesta época do ano, deverão ofertar 30,7 mil vagas. O total equivale a pouco mais da metade dos 59,2 mil postos de trabalho criados em 2019.
“O ramo de vestuário tem apresentado mais dificuldade de recuperar o nível de vendas anterior ao início do surto de covid-19”, afirmou Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo. Esse segmento, as lojas de artigos de uso pessoal e doméstico (13,7 mil) e os hiper e supermercados (13,4 mil) deverão responder por 82% das vagas oferecidas no Natal.
No corte geográfico, os Estados de São Paulo (17,9 mil), Minas Gerais (8,3 mil), Rio de Janeiro (6,9 mil) e Rio Grande do Sul (6,0 mil) concentrarão mais da metade (55%) da oferta de vagas temporárias.
Ainda segundo o estudo, o salário médio de admissão deve alcançar R$ 1.319, valor 4,6% superior em termos nominais (sem descontar a inflação do período) ao registrado no Natal de 2019.
Nove em cada dez vagas criadas ficarão concentradas em cinco ocupações: vendedores, operadores de caixa, atendentes, repositores de mercadorias e embaladores de produtos.