Em um cenário de aumento gradual do emprego, de lenta recuperação na atividade econômica e de cautela por parte das famílias na obtenção de crédito, a inadimplência voltou a cair em outubro no ABC.
O número de negativações – ou seja, de novos registros de dívidas vencidas e não pagas – caiu 2,7% em outubro em relação ao mesmo mês de 2018, segundo indicador do Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), divulgado nesta semana.
No acumulado do ano até outubro, houve queda de 2,8% no número de inclusões.
Os dados sugerem que há menos gente entrando nos registros de inadimplência e que quem tomou empréstimo está conseguindo pagá-lo.
Segundo o bureau de crédito, a queda no calote reflete a maior cautela das famílias, que têm preferido compras à vista, e a capacidade de endividamento dos consumidores ainda limitada pelo fraco crescimento da renda.
Também contribui para esse movimento a recuperação, ainda que lenta, do mercado de trabalho. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, revelam que o ABC gerou 8,6 mil vagas com carteira assinada de janeiro a outubro deste ano.
O emprego é, do lado do consumidor, a variável de maior impacto na inadimplência.
Paralelamente, o número de consumidores que limparam seu nome – e que, por isso, foram excluídos dos registros de inadimplência – caiu 1,2% em outubro contra o mesmo mês de 2018. No acumulado do ano houve queda de 2,2%.
Os números sugerem que, se tem mantido em dia o pagamento de novas dívidas, o consumidor não tem conseguido quitar débitos antigos e sair do cadastro de inadimplentes – mesmo com a recente liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Segundo pesquisa realizada pelo Boa Vista SCPC, 56% dos trabalhadores que fariam o saque do FGTS usariam o dinheiro para pagar contas, dos quais 42% para o pagamento de débitos em atraso e 14% para quitar contas que estavam em dia.
CENÁRIO
O Boa Vista SCPC afirma que os indicadores de inadimplência seguem em patamares historicamente baixos, mas a tendência é de alta, uma vez que os bancos estão menos seletivos na concessão de financiamentos e há projeção de aumento da demanda por crédito neste semestre, devido às festas de final de ano.
“O aumento das concessões (de crédito) ante a recuperação lenta da renda e do emprego tem resultado em maior endividamento e comprometimento de recursos das famílias com o pagamento de dívidas e, com isso, a inadimplência dá sinais de alta”, diz em nota a Boa Vista SCPC.