
Valter Campanato/Agência Brasil
Em um discurso duro e recheado de múltiplos recados para o Congresso, Judiciário e o empresariado nacional, o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu um choque liberal no Brasil com a abertura da economia, privatizações, redução dos impostos, descentralização de recursos para governos regionais e menor interferência do Estado nos negócios. Porém, segundo Guedes, a reforma da Previdência será “o primeiro e maior desafio a ser enfrentado”, para acabar com a “fábrica de desigualdades” nas aposentadorias e garantir crescimento sustentável nos próximos dez anos. “O primeiro pilar é a Previdência; o segundo é a privatização.”
Guedes disse que o país se perdeu nos grandes programas nos quais “piratas privados, burocratas corruptos e criaturas do pântano político se associaram contra o povo brasileiro”. Foram 50 minutos de fala espontânea –apenas com um roteiro de referência – na qual Guedes também avisou que, se o governo não for bem-sucedido na reforma da Previdência, será necessário que o Congresso aprove Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para desindexar e desvincular todas as receitas e despesas do Orçamento, o que retiraria destinações específicas, como gasto mínimo com saúde e educação.
Guedes rejeitou o rótulo de superministro. “Isso não existe. Ninguém consertará os problemas do país sozinho. Os três poderes terão de se envolver.”
Negociador da reforma, o novo secretário de Previdência, Rogério Marinho, disse que a proposta que está na Câmara “não é a ideal” e antecipou que serão feitos ajustes para ganhar tempo na tramitação.
Guedes confirmou, como revelou O Estado de S. Paulo, que o novo governo já tem preparada uma Medida Provisória para combater fraudes e privilégios na Previdência. Isso poderá garantir economia de R$ 17 bilhões a R$ 30 bilhões.