Eles são jovens adultos, com entre 20 e 30 anos de idade. Carregam smartphones nos bolsos e, sempre que sobra um tempinho, checam as redes sociais. Na hora de ouvir música, ver filmes ou até mesmo assistir a programas de televisão, usam aplicativos que transmitem o conteúdo via streaming. Para eles, um dos maiores hits do momento entre as séries é “Black Mirror”, uma aclamada produção britânica, que teve sua terceira temporada lançada no mês passado pela Netflix.
E, assim como em “Black Mirror”, que em seus episódios expõe dilemas, anseios e dramas da sociedade em um futuro próximo, em que a tecnologia tem um papel fundamental, esses jovens sentem o impacto de uma vida conectada à internet quase 24 horas por dia. Uns sofrem de ansiedade, outros acabam levando uma vida mais solitária. Até para enfrentar esses problemas, muitos apelam ao celular. E quase todos reclamam que o uso do smartphone e de outras ferramentas online atrapalha o sono.
“Uma qualidade de sono menor gera uma série de outros problemas. Pode facilitar a depressão, facilita a falta de memória e de absorção de conteúdo. A gente acha que é uma coisa boba, mas não é”, afirma a psicóloga Dora Góes, do Programa de Dependências Tecnológicas do Hospital das Clínicas, em São Paulo. “O uso intenso da tecnologia também aumenta a ansiedade. As pessoas ficam menos focadas, mais distraídas”, acrescenta a pesquisadora.
Outro ponto em comum de jovens com esse perfil é que a internet e os recursos tecnológicos também estão muito presentes na vida profissional ou acadêmica deles. A publicitária Layla Oliveira, 27, atribui ao trabalho em uma empresa de telecomunicações as longas horas que passa conectada. Mas reconhece que o impacto da tecnologia é grande também na vida pessoal. “Eu fico desesperada de pensar em perder o telefone “, afirma. “Aqui tem todos os meus contatos, dados, senhas.”