A Câmara dos Deputados aprovou em segundo turno, ontem (25), o texto-base da chamada PEC do Teto, proposta de emenda constitucional que congela os gastos do governo federal por 20 anos. A medida é a prioridade do governo Michel Temer no Congresso em 2016.
Com 359 votos favoráveis, 116 contrários e 2 abstenções, o placar frustrou os planos do governo de ampliar a maioria alcançada no primeiro turno de votação da emenda, no dia 10, quando 366 deputados votaram a favor da PEC e 111, contra. Os deputados ainda precisam analisar emendas ao texto principal. Depois, a proposta seguirá para o Senado, onde também precisa ser aprovada em dois turnos.
Temer se envolveu diretamente na articulação para a aprovação da medida, realizando um jantar para mais de 200 parlamentares antes da votação em primeiro turno, no Palácio da Alvorada, e participando de um segundo na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta segunda (24).
O presidente da República ainda exonerou ministros nas duas votações para que eles reassumissem temporariamente os mandatos e engrossassem o placar a favor da proposta.
Como no início do mês, a oposição tentou esticar ao máximo a sessão, com o objetivo de encerrá-la sem votação, mas acabou vencida. PT, PDT, PC do B, PSOL e Rede, além de dissidentes da base de Temer, argumentam que o novo regime fiscal irá cortar investimentos, principalmente nas áreas de educação e saúde.
Já os governistas ressaltaram a visão de que a medida é imprescindível para evitar a falência do Estado e recuperar a confiança na condução da economia. Neste ano, o governo prevê fechar suas contas com um rombo de até R$ 170,5 bilhões.
A proposta de emenda à Constituição restringe as despesas do governo ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) dos 12 meses anteriores, e tem duração de 20 anos, com possibilidade de mudança na forma de limitar os gastos a partir do décimo ano.
Folga
O texto final prevê maior folga em saúde e educação. Nessas duas áreas, a correção do piso dos gastos só valerá a partir de 2018, ou seja, o ano base levado em conta para cálculo do quanto poderá ser gasto a mais será 2017, quando se espera que a receita seja mais alta que em 2016. Além disso, o relatório estabelece ainda que a base de cálculo do piso da saúde em 2017 será de 15% da receita líquida, e não de 13,7%, como previa o texto original.