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Bolsonaro desautoriza Pazuello e governadores criticam decisão do presidente

Coronavac é desenvolvida em parceria com o Butantan. Foto: Divulgação/Butantan
Coronavac é desenvolvida em parceria com o Butantan. Foto: Divulgação/Butantan

Governadores de diferentes partidos e regiões do País criticaram a decisão do presidente Jair Bolsonaro de suspender o acordo de compra da vacina Coronavac, desenvol­vida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã. Os governadores de­fenderam o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, classificaram a decisão de “política, eleitoral e ideológica” e cogitaram até acionar a Justiça para que os estados tenham acesso a todas as vacinas.

Na manhã desta quarta-feira (21), Bolsonaro desautorizou Pazuello e afirmou que “a vacina chinesa não será comprada”. O ministro havia anunciado na terça, em reu­nião com governadores, que a pasta assinou protocolo de intenções com o Butantã para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac.

Nas redes sociais, ao menos nove governadores já se pronunciaram de forma crítica contra a decisão do presidente. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que Bolsonaro só pensa em “palanque e guerra” e quer fa­zer uma “guerra das vacinas”.

Dino disse que governadores vão “ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário para garantir o acesso da população a todas as vacinas que forem eficazes e seguras”. “Saúde é um bem maior do que disputas ideológicas ou eleitorais”, disse.

Na mesma linha, Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco, afirmou que “a influência de qualquer ideologia em temas fundamentais, como a saúde, só prejudica a população”.
Em vídeo publicado no Twitter, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), declarou que a escolha da vacina “deve ser eminentemente técnica, e não política”. O político defendeu a atuação de “instituições brasileiras renomadas que tratam do assunto”, como o Instituto Butantã. “O que deve ser observado é a condição de segurança, a viabilidade técnica e também a agilidade para disponibilizar a população”, disse Leite.

Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo, foi mais um a se posicionar nesse sentido ao pontuar que “não há espaço para discussão sobre assuntos eleitorais ou ideológicos” nesse contexto.
Já o líder do Ceará, Camilo Santana (PT), disse que “não se pode jamais colocar posições ideológicas acima da preservação de vidas”. Fátima Bezerra, governadora do Rio Grande do Norte, afirmou que “o povo brasileiro não pode e não deve aceitar é retrocesso”.

TRAIÇÃO

Depois de Bolsonaro acusar o ministro da Saúde de traição mais cedo em uma publicação nas redes sociais, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), defendeu que Pazuello “tomou medida sensata de garantir acesso à vacina de qualquer país para salvar vidas”. A defesa de Rui Costa corrobora a fala de João Doria durante a coletiva nesta quarta. “Há que aplaudi-lo (Pazuello), como foi ontem por governadores”, afirmou. Doria voltou a falar que, segundo Pazuello, a Coronavac seria adquirida pelo governo federal.

Contrariando Doria e o comunicado do Ministério da Saúde que confirmava o acordo, o secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, declarou que não houve qualquer compromisso entre a pasta e o governo de São Paulo para aquisição da Coronavac. (AE)

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