O nível de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas do país está entre os mais baixos da história e se aproxima do registrado durante o racionamento realizado entre 2000 e 2001.
As térmicas afastam o risco de falta de energia. A previsão, porém, é de estiagem e aumento na conta luz, alertam especialistas do setor. “Estamos perto dos níveis pré-racionamento, os mais críticos já vistos”, disse o consultor de energia Ricardo Lima.
A expectativa é que a conta em outubro venha com a taxa extra máxima, a chamada bandeira vermelha no patamar 2. Significa que será cobrado adicional de R$ 3,50 a cada 100 kWh de energia consumidos nas residenciais.
O cenário é de aumento também para empresas que se abastecem no chamado mercado livre, onde é possível comprar e vender energia por meio de contratos entre as partes, sem a intermediação de uma distribuidora.
Quem firmar novo contrato agora pode ter aumentos de até 30%, estima Marcelo Parodi, sócio da comercializadora Compass Energia.
O mercado livre hoje é muito pulverizado. Mais de 6 mil empresas, entre grandes indústrias, redes de supermercados, shoppings, hotéis e prédios empresariais, estão no mercado livre.
“Muitas empresas, cujos contratos estão vencendo, preferem esperar o início do verão e das chuvas, na expectativa de conseguir preços melhores e evitar a alta nos custos justo agora, quando há sinais de retomada e a expectativa é de recuperação do fôlego financeiro, não de mais arrocho”, disse Parodi.
Desalentadoras
As projeções do Operador Nacional do Sistema (ONS), organismo responsável pelo monitoramento e gestão das barragens de hidrelétricas, são desalentadoras.
Segundo Marcelo Prais, assessor da diretoria do ONS, a expectativa é de que os reservatórios do Sudeste fechem o mês com 25% da capacidade. No mesmo mês do ano passado estavam perto de 40%. No Nordeste, onde a situação é mais crítica, o nível deve ficar em apenas 9%.
Em nível nacional, Prais lembra que se trata do quinto pior patamar registrado na série histórica, de 85 anos. Nas usinas do Norte e do Nordeste, porém, é o mais baixo.
“O parque térmico – que inclui usinas nucleares, a gás, óleo, carvão – e os parques eólicos têm garantido o abastecimento”, disse Prais. Na quinta-feira (21), por exemplo, respondeu por 23% do suprimento nacional. No Nordeste, metade da carga é mantida pelas eólicas.