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Avanço da covid-19 derruba mercados; no Brasil, dólar vai ao maior nível desde maio

Uma nova onda de avanço da covid-19 na Europa e nos Estados Unidos provocou forte estrago na quarta-feira (28), nos mercados globais. As bolsas de valores americanas e europeias fecharam em quedas que passaram de 4%, a cotação do petróleo também recuou 5% e até o ouro teve queda de 1,71%.

O Brasil não escapou à onda mundial de pessimismo. O índice Ibovespa, da B3, fechou o dia com queda de 4,25%, aos 95.368 pontos, maior baixa porcentual desde 24 de abril (-5,45%). O dólar chegou a ser cotado a R$ 5,79, caiu após intervenção do Banco Central, mas voltou a subir e fechou em R$ 5,76 com alta de 1,39%. É o maior nível desde 15 de maio.

Os mercados já vinham mostrando certa desconfiança com o ritmo de recuperação da atividade econômica global, por conta de segunda onda da covid na Europa. Isso ficou mais claro com anúncios de novos bloqueios na França e na Alemanha, e cresceu o temor de que a atividade econômica fique enfraquecida por mais tempo. “Estamos imersos na aceleração da pandemia”, declarou o presidente da França, Emmanuel Mácron.

O chefe de gestão e especialista em câmbio e moedas da Galapagos Capital, Sérgio Zanini, avalia que, com a proximidade da eleição presidencial nos Estados Unidos, na próxima terça-feira, a expectativa já era de que esta semana houvesse redução da exposição a ativos de risco no mercado internacional. Porém, a aceleração de casos de covid-19 na Europa antecipou esse movimento, provocando as fortes quedas em meio ao aumento do temor de piora da atividade global.

“A expectativa é de que a volatilidade continue e, caso a pior combinação se concretize, o Ibovespa pode tomar o caminho dos 80 mil pontos”, diz Renato Chain, economista da Parallaxis Economia. “Além da segunda onda na Europa, a pandemia segue em curso nos EUA, com piora no centro-sul”, acrescenta.

Na B3, nenhuma ação do Ibovespa fechou o dia em alta. Petrobras caiu 6% e os bancos também tiveram quedas expressivas. A CVC caiu 9,88% e a área Azul perdeu 9,58%.

CÂMBIO

No mercado de câmbio, além do cenário externo, a pressão para desvalorização do real vai permanecer nos próximos meses, em meio ao aumento do risco fiscal do Brasil, a falta de reformas estruturais e ao juro real negativo, avalia o banco Société Générale. A previsão é de que o dólar deve fechar 2020 em R$ 5,80 e avançará para mais perto de R$ 6,00 em 2021.

Nesse ambiente, o real corre o risco de repetir em 2021 o fraco desempenho deste ano, sendo novamente a moeda de países emergentes com pior desempenho ante o dólar. O estrategista do Société para países emergentes, Dav Ashish, prevê que, nesse ambiente de falta de reformas e desempenho fraco do Produto Interno Bruto (PIB), a expectativa é de fluxos de capital externo “tímidos” para o Brasil em 2021, ajudando a manter o dólar alto.

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