Três dias após atacar publicamente o Judiciário e gerar mal-estar com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu adotar discurso apaziguador ontem (28) e disse que a ministra é “exemplo de caráter” para o povo brasileiro.
Depois de participar de uma reunião com o presidente Michel Temer, Cármen Lúcia e outras autoridades, no Itamaraty, para discutir o novo plano de segurança pública, Renan afirmou que tem “orgulho” de presidir o Congresso no mesmo período em que a ministra comanda a Suprema Corte.
“Aproveitei a oportunidade para dizer que tenho muito orgulho, um orgulho que vou levar para minha vida, de ser presidente do Congresso Nacional no exato momento em que a presidente Cármen Lúcia é presidente do Supremo Tribunal Federal. Ela é, sem dúvida nenhuma, o exemplo do caráter que nós precisamos que identifique o povo brasileiro”, afirmou Renan.
Antes do encontro, que contou também com a presença do ministro Alexandre de Moraes (Justiça), outro alvo das críticas de Renan, o presidente do Senado telefonou para a ministra e pediu desculpas pela polêmica gerada no início da semana.
Na conversa, que aconteceu ainda na quinta-feira (27), o peemedebista desculpou-se e disse que a admirava e a respeitava pelo trabalho à frente do STF. Afirmou também que suas declarações precisavam ser vistas como uma defesa do Legislativo, na mesma linha do que Cármen fez ao rebater as críticas dele ao Judiciário.
O desentendimento entre os comandantes do Senado e do STF começou depois que Renan criticou a Operação Métis, que prendeu quatro policiais legislativos e dentro do Senado.Renan classificou como “juizeco” o titular da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília.