A inflação no mês passado desacelerou em relação a julho, com a perda de força da alta do preço dos alimentos. Analistas dizem, no entanto, que o índice continua em patamar elevado e que não há motivo para comemoração.
Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, subiu 0,44%. Em julho houve alta de 0,52%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda que tenha vindo mais baixa do que no mês imediatamente anterior, a inflação foi o dobro da verificada um ano antes (0,22%) e é a maior para o mês de agosto nos últimos dez anos.
Tradicionalmente, agosto é um mês de desaceleração dos preços dos alimentos, o principal vilão da inflação de julho. Segundo Eulina Nunes, técnica do IBGE, esse movimento se deve ao escoamento da produção agrícola.
Em julho, os preços dos alimentos subiram 1,32% e tiveram impacto de 0,34 ponto porcentual na inflação do mês. Em agosto, a alta foi de 0,3%, e o impacto, de 0,08 ponto.
Batata-inglesa (recuo de 8%) e feijão carioca (-5,6%) registraram as maiores quedas em relação a julho.
Segundo analistas ouvidos pela reportagem, não é o caso de celebrar o resultado. O impacto da fraca demanda, reflexo da recessão, ainda não foi sentido nos preços finais.
No acumulado do ano, a taxa é de 5,42%, acima do centro da meta do governo (4,5%). Nos 12 meses encerrados em agosto, o IPCA acumulado é de 8,97%.
Segundo Eulina Nunes, embora tenha ocorrido melhora pontual na inflação, a pressão de custos de produção resiste em ceder. O dólar, disse, segue em patamar alto, assim como as tarifas de energia.
Os alimentos, que têm peso maior no IPCA, podem ser reajustados novamente devido a questões climáticas, que têm impactado na produção de grãos.