
Os trabalhadores da Mercedes-Benz aprovaram na última terça-feira (26) proposta costurada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC de prorrogação das medidas de flexibilização da mão de obra adotadas na fábrica de São Bernardo para mitigar os efeitos econômicos decorrentes da pandemia de covid-19.
Dos cerca de 8 mil funcionários da unidade, quase 3.800 participaram da assembleia virtual realizada no site do sindicato. A prorrogação do acordo recebeu o aval de 3.002 trabalhadores (79% do total de votantes), enquanto 707 votaram contra a extensão. Também houve 89 abstenções.
Segundo o sindicato, o acordo aprovado na última terça-feira determina a renovação por mais dois meses da suspensão temporária dos contratos (layoff) de 800 funcionários da produção, com revezamento de duas turmas com cerca de 400 trabalhadores cada. Um grupo ficará fora da fábrica em setembro e outubro e outro nos meses de novembro e dezembro.
O acordo determina ainda a renovação por mais dois meses do afastamento de cerca de 100 trabalhadores com comorbidades, considerados grupo de risco para a covid-19. Ao final deste período, o grupo será colocado em layoff por três meses.
Para os trabalhadores do setor administrativo, que estão em home office, o acordo estabelece a renovação por mais dois meses da redução de 25% na jornada de trabalho.
No período de vigência do acordo, os trabalhadores que estiverem sob qualquer ferramenta de flexibilização têm garantia de receber 100% do salário líquido.
As medidas foram adotadas em maio após a montadora paralisar a produção por causa da pandemia de covid-19.
SETOR EM CRISE
Apesar da recuperação verificada em julho, o setor automotivo está longe de retomar os níveis pré-pandemia tanto de produção como de vendas. Para o fechamento do ano, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta queda de 45% na produção e de 40% no licenciamento de veículos.
No acumulado de janeiro a julho, a Mercedes-Benz amarga queda de 11% nos licenciamentos de caminhões e de 33,9% nos de ônibus.
Na semana passada, a Volkswagen iniciou negociações com os sindicatos de metalúrgicos das quatro cidades onde tem fábrica no Brasil para reduzir em 35% o contingente de trabalhadores, o que resultaria em 5.250 demissões.
Segundo a montadora, a medida visa adequar os acordos coletivos vigentes ao “nível atual de produção, com foco na sustentabilidade de suas operações no cenário econômico atual, impactado pela pandemia do novo coronavírus”.