Em um ano em que a economia brasileira encolheu 3,8% e registrou o pior resultado desde 1990, o mercado de trabalho formal do ABC fechou vagas em 2015 pelo segundo ano consecutivo. Entre admissões e demissões, as empresas da região cortaram 33.814 empregos, mostram dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgados ontem (16) pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social.
Com isso, o estoque de trabalhadores formais do ABC caiu 4,13%, de 818.831 em 31 de dezembro de 2014 para 785.017 no último dia do ano passado. O recuo é o pior desde 1990, quando o mercado de trabalho da região perdeu 74.603 vagas.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), também do Ministério do Trabalho, apontou o fechamento de 42.771 vagas no ABC no ano passado.
Assim como o Caged, a Rais é um registro administrativo enviado pelas empresas, mas há diferenças. O Caged contempla empregos com carteira assinada, enquanto a Rais reporta postos formais de qualquer tipo: estatutários, celetistas e temporários. A Rais refere-se ao dia 31 de dezembro de cada ano, enquanto os dados do Caged são contabilizados mensalmente.
Indústria demite
Em 2015 houve queda na ocupação nas quatro principais atividades econômicas. A indústria, mais uma vez, deu a principal contribuição para o resultado negativo na região, com o fechamento de 25.205 vagas (queda de 10,6% no estoque), sendo 7,6 mil delas em São Bernardo, 6,7 mil em Diadema e 5,9 mil em Santo André.
Dos 12 subsetores industriais, 11 tiveram queda na ocupação em 2015 no ABC, com destaque para veículos e autopeças, que fechou 8.184 vagas (-12,3%).
O setor automotivo enfrenta, em 2016, o quarto ano consecutivo de retração nas vendas. Nas montadoras, a queda no nível de emprego só não foi maior porque as empresas têm lançado mão de medidas como layoff (suspensão do contrato de trabalho), férias coletivas e Programa de Proteção ao Emprego (PPE), entre outras, para gerenciar o excesso de mão de obra.
Os serviços encerraram o ano passado com saldo negativo de 2.904 vagas (queda de 0,87%). Dentro do terciário, as atividades de transporte e comunicação tiveram o pior resultado, com o fechamento de 4.550 postos formais.
Também reduziram a ocupação em 2015 no ABC o comércio, com o fechamento de 1.495 postos (recuo de 1,01%), e a construção civil, com extinção de 3.266 (-7,97%).
No ano passado, o faturamento do varejo caiu 7,5%, enquanto as vendas de imóveis residenciais novos recuaram 26,1%, segundo dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Associação de Construtores, Imobiliárias e Administradoras do ABC (ACIGABC), respectivamente.
Os dados confirmam o setor de serviços como principal empregador do ABC. A participação do terciário no contingente de trabalhadores cresceu de 40,8% em 2014 para 42,2% no ano passado. No sentido contrário, a indústria caiu de 29,2% para 27,2% na mesma comparação.
No corte geográfico, só um dos sete municípios (Rio Grande da Serra) elevou seu estoque formal em 2015. Em termos absolutos, o pior resultado foi o de São Bernardo, com o fechamento de 13.344 vagas (queda de 4,7%). Em termos relativos, porém, o pior desempenho foi o de Diadema (-6,3%).