As exportações de empresas do ABC caminhavam para registrar neste ano o melhor resultado desde 2013, mas a crise na Argentina, iniciada em maio, derrubou os embarques da região nos meses que se seguiram e, agora, a expectativa é de “empate” com 2017.
Os sete municípios enviaram US$ 4,56 bilhões a outros países entre janeiro e outubro deste ano, montante 2,21% superior ao apurado no mesmo período de 2017 (US$ 4,46 bilhões), segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) compilados pelo Diário Regional.
Para se ter uma ideia da magnitude dessa desaceleração, basta lembrar que, até abril, as exportações do ABC cresciam no ritmo de 23,5% nesse mesmo tipo de comparação.
O cenário mudou a partir de maio, como resultado da greve dos caminhoneiros, de efeitos já superados; e da crise no país vizinho, provocada pela inflação alta e pela desvalorização cambial, o que levou o governo a aumentar os juros básicos, com forte impacto sobre a atividade econômica.
Apesar da crise, a Argentina mantém-se como principal parceiro comercial do ABC, com o envio de US$ 1,513 bilhão ao país de janeiro a outubro deste ano. Porém, o resultado é 14,2% inferior ao obtido no mesmo período de 2017.
A desaceleração reflete ainda a retração nos embarques de veículos, principal pauta exportadora da região. O MDIC apurou queda de 16,8% nas vendas externas de carros, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus oriundas de São Bernardo e São Caetano no acumulado de janeiro a outubro, para US$ 1,96 bilhão.
Não por acaso, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa as montadoras, revisou para baixo a expectativa de exportações do setor para o encerramento do ano. Se, até setembro, a entidade esperava “empatar” com o recorde obtido em 2017, agora a projeção é de recuo de 8,6%.
Os efeitos não foram sentidos apenas na redução dos embarques. A Volkswagen, por exemplo, deu férias coletivas a 1.800 trabalhadores da unidade de São Bernardo para readequar a produção à retração no envio de veículos aos “hermanos”.
Paralelamente, os embarques de autopeças de empresas do ABC também caíram no acumulado de janeiro a outubro: 9,2%, para US$ 303,4 milhões.
BALANÇA COMERCIAL
A balança comercial do ABC registrou superávit (exportações maiores do que importações) de US$ 341,78 milhões no acumulado do ano até outubro. O montante é 69,6% inferior ao apurado no mesmo período de 2017 (US$ 1,123 bilhão).
O recuo se deve ao fato de as importações (US$ 4,218 bilhões) terem crescido 26,4% na mesma comparação, em ritmo superior ao das exportações (2,21%), que somaram US$ 4,56 bilhões.